“Às vezes me lembro dele. Sem rancor, sem saudade, sem tristeza. Sem
nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo
passou. Nunca mais o vi, depois que foi embora. Nunca nos escrevemos.
Não havia mesmo o que dizer. Ou havia? É possível que, no fundo,
sempre restem algumas coisas para serem ditas. É possível também que o
afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a
gente continua a buscar, a investigar — e principalmente a fingir.
Fingir que encontra. Acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a
reconhecê-lo”
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